terça-feira, 28 de maio de 2013

Tudo é Vida




Adésio Alves Machado

A vida nunca cessou, não cessa e nem cessará em todos os departamentos deste Universo infinito onde ela se mostra soberana e bela. 
Aquilo a que denominamos morte poderíamos chamar de uma desagregação celular que, por sua vez, continua vivendo incessantemente, e isto por uma razão bem simples: cada célula componente de um grupo que empresta forma a este é energia, e esta não desaparece, mas prossegue com vida, e vida cada vez mais abundante, justamente pela certeza adquirida de que ela, morte, inexiste, é uma mentira. Os enciclopedistas, mais cedo ou mais tarde, haverão de colocar em seus dicionários o verdadeiro significado da morte: uma desorganização celular que dava forma a um grupo de células que se constituía num todo orgânico ou inorgânico. 
Olhando a morte com a visão espírita, que é justamente a visão do Espírito imortal, a morte já não se pode constituir num temor, num horror. É, sim, um fenômeno biológico natural que deve ser racionalizado pelo Espírito ergastulado à carne. 
As células componentes de um corpo somático, ao se desestruturarem no ser humano, não encontram mais condições de reter a energia que as comandava, que as mantinha unidas, grupadas. Falta-lhes vitalidade, que é usada pelo Espírito para comandar o corpo, apropriando-se dele. 
Tudo se altera para que aconteça o melhor, o aperfeiçoamento da forma, o seu progresso, a sua evolução. 
Viver, como vamos percebendo, é evoluir em todos os estágios sem cessar, até à angelitude, quando a energia espiritual, o Espírito, não mais necessita da forma para se expressar. Daí porque o ser real não é físico. Este é clausura temporária da energia eterna. 
Todos nós voltaremos às origens quando nos desprendermos do magnetismo e do vitalismo orgânico que engendra a forma física. 
Reagir à libertação pela morte do corpo carnal é apego insensato às licenças do prazer e às imposições das mais primárias das paixões. 
Somente o hedonista teme ou odeia a morte, porque para ele tudo se resume no agora, supondo que a vida seja esse breve estágio no frágil e breve período dos sentidos físicos. 
Fomos criados para a libertação plena, a qual vamos alcançando, paulatinamente, nas abençoadas experiências reencarnatórias que caracterizam a verdadeira Vida, a do Espírito. 
O homem terrenal ainda vive e sente apenas o corpo carnal, não se apercebendo das sensações tipicamente espirituais, oriundas da vivência da caridade, do amor ao próximo, da Natureza nas suas variadas manifestações. 
Como em realidade nada está morrendo, tudo vai experimentando incessante transformação, e o Espírito prossegue vivo quando da desarticulação da maquinaria física sob sua diretriz. 
As comunicações mediúnicas que nos chegam diariamente, ao serem percebidas na sua essência, vão deixando aos humanos a realidade da vida extra-física. 
Jesus veio mostrar a Vida estuante após se deixar crucificar sem um mínimo gesto de defesa ou justificativa para o que havia feito. Se confiamos Nele, mais ainda confiemos em Deus. Assim sendo, segundo as palavras do Incomparável Messias, renunciemos a nós mesmos, tomemos a nossa cruz e sigamo-lo. 
Procuremos, assim, conduzir-nos com equilíbrio em todos os momentos da existência terrena para que, no instante da morte, estejamos devidamente preparados para a sobrevivência plena que nos aguarda. 
Acalmando-nos, aguardemos o reencontro com os que nos antecederam na viagem de retorno ao mundo verdadeiro – o dos Espíritos. O ser amado vive e nos espera, com certeza. 
Caso façamos silêncio interior, ouvi-lo-emos com palavras dúlcidas de esperança e consolo para que prossigamos em nossos afazeres até o instante final da libertação. 
Se porventura algum temor nos acicata com ameaças a respeito da desencarnação, nada melhor e salutar do que recordarmos de que diariamente vivemos uma forma de morte quando adormecemos.
“Ama os que morreram, mas vivem, preparando-te, por tua vez, para viveres depois que morras”- diz Joanna de Ângelis.
Vivamos, pois, felizes, amando a vida, o que fazemos, e esperemos, sem temor algum, o momento fatal da nossa desencarnação, confortando-nos com os conhecimentos oferecidos pelo Espiritismo.


Artigo Publicado em O Espírita Fluminense, edição de Julho/Agosto de 2005 e reproduzido com autorização do autor.






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