quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Escolha das Provas



ESCOLHA DAS PROVAS: PODE O ESPÍRITO ESCOLHER FAZER O MAL?

Recebemos, recentemente, a seguinte pergunta: “pode um espírito escolher, como prova para sua próxima encarnação, ser um criminoso ou praticar o mal?” 
Vamos abordar tal questão.
Em o Livro dos Espíritos, Kardec faz uma abordagem geral da escolha das provas, sem no entanto explicitar todas as situações onde isso ocorre e onde isso não ocorre. 
A escolha das provas, de maneira livre e consciente pelos espíritos desencarnados, só é possível quando o espírito tem um certo grau de conhecimento, discernimento e qualidades morais para tal. 
Na verdade, do modo que os espíritos respondem da questão 258 em diante, bem genericamente, pode-se interpretar, com uma leitura inicial e não aprofundada e complementada pelas outras obras, que todos os espíritos escolhem livre e conscientemente suas provas na erraticidade. 
Mas não é isso que está dito, o que é confirmado pela Leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo e das outras obras básicas. O que se pretende dizer é que o Espírito, ao exercitar o livre arbítrio, quer como encarnado, quer como desencarnado, em suas atitudes e trânsito perante as Leis Divinas, estabelece automaticamente para si as suas provações e, portanto as "escolheu" livremente, por sua própria vontade. 
Na realidade, não haveria necessidade nenhuma de que os espíritos pudessem, na erraticidade, "escolher" provas e expiações, pois a Lei de Causa e Efeito, a Lei de Ação e Reação, a Lei de Justiça já registraram no perispírito e na mente do espírito as energias e tendências que o farão enfrentar as provas e expiações que necessite passar. Isso é automático e faz parte da justiça Divina e da Lei Natural. 
É por isso que só a espíritos um pouco mais esclarecidos é dado a oportunidade de "escolher" suas provas e expiações, mas mesmo assim, é preciso lembrar que o livre arbítrio é inviolável, e que o espírito não lembrará, depois de encarnado, que "escolheu" isto ou aquilo, e poderá tomar atitudes e decisões que 
levem ao caminho completamente oposto do "escolhido". 
Isto é uma verdade peremptória, pois se assim não fosse, nós seríamos "robôs", autômatos", "marionetes", ou seja, teríamos instalado o determinismo, que a Doutrina Espírita tão bem nos explica que não existe. Infelizmente, muitos espíritas "estudam" espiritismo apenas pela "metade", não estudam o conjunto da obra de Kardec, e tomam romances como livros ou obras básicas, o que não é verdade. O livro "Nosso lar", por exemplo é fantástico, que trouxe novos conhecimentos, mas é um romance, descreve apenas uma situação, 
uma pequena parte da realidade, que não pode ser extrapolada para todo o plano espiritual. Muitos conhecimentos estão "romanceados", e são, guardadas as devidas proporções, como as parábolas do Mestre Jesus, onde se deve buscar o sentido oculto na alegoria (no “romanceado”). 
Respondendo objetivamente a pergunta, ninguém pode escolher como prova fazer o mal, pois a pessoa que quer, conscientemente, praticar o mal, tem o mal dentro de si, e enquanto estiver neste estado, não escolherá suas provas e expiações na erraticidade. Elas serão determinadas automaticamente pelo registro energético no perispírito e pelo registro moral na inteligência, ou seja, pelo "karma" daquela espírito. 
Pelas conseqüências de sua(s) vida(s) passada(s), ou seja, por sua livre escolha e vontade, pois tinha livre arbítrio, o espírito "determina" automaticamente em que condições sociais, econômicas, culturais e com qual patrimônio genético vai reencarnar. Pode nascer num lugar onde exista o mal, e para progredir, terá que 
vencer as influências, as tendências, as deficiências físicas, etc. Tudo nos é permitido, pois temos livre arbítrio, mas isso não será determinado pelo espírito na escolha de suas provas lá no plano espiritual, mas sim pelo seu comportamento perante o que vai enfrentar na reencarnação, o que é decorrente do 
registro das suas infrações ou acertos no trânsito da Lei Divina ou Natural, ou seja, pelas conseqüências de seus débitos ou créditos na caminhada evolutiva. Assim como Deus não pune ninguém, não aplica castigos, por ser absolutamente desnecessário, pois cada um planta em si mesmo a conseqüência de seus atos, tendo por obrigação a colheita de seus próprios frutos, a "escolha" de um "rol de provas e expiações" também seria completamente desnecessário, até mesmo inútil, pois já estabelecemos em nossa caminhada como será pavimentado e aberto o próximo caminho. 
Mas continuaremos com o livre arbítrio de a cada dia traçar novos rumos, abrir trilhas, seguir desvios, sejam elas para crescimento ou para estagnação no erro e no mal. 
A Justiça Divina é perfeita, sua lógica irrefutável. Cabe a nós mudarmos paradigmas e abrirmos mentes e corações para analisar essa bela Doutrina que foi codificada por Kardec.
Sem dogmas, sem fanatismo, com muito amor, seguindo a grande máxima: 
"Espíritas: Amai-vos e Instruí-vos"!


Carlos Augusto Parchen
Centro Espírita Luz Eterna – CELE
www.carlosparchen.net
www.cele.org.br



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Caridade e Mãos Vazias


Amilcar Del Chiaro Filho

A conversa seguia animada naquela roda de amigos. Alguns comentavam as dificuldades da vida, a violência, a miséria, o egoísmo. 

O mais velho deles dizia: Existe uma doutrina que tem por lema – Fora da Caridade não há Salvação. Explica que a caridade não é apenas dar coisas materiais, mas, conviver, respeitar, aceitar o próximo como ele é, amar. A caridade não é dinheiro; é um ato de amor, é dar-se a si mesmo, o que sublima a personalidade e recompensa a renúncia com a alegria.

Outro mais jovem, disse: – Eu tenho as mãos limpas, porque nunca fiz o mal com a intenção de fazê-lo. 

O primeiro amigo retrucou: – Limpas, mas vazias!

Um outro amigo, ainda jovem, contudo muito sábio, completou: Viver em caridade, é aprender a viver para os outros, deixar de pensar apenas em nós, e perceber que em cada minuto da nossa vida, enquanto repousamos ou nos alimentamos, ou nada fazemos na ociosidade, ou então fazendo coisas reprováveis, ruíns, maldosas, há milhões de seres humanos, nossos irmãos que morrem de fome, de frio, castigados pelas secas ou pelas inundações e perdem o pouco que possuem. Enquanto gozamos na indiferença, milhões 
de crianças morrem, no mundo, de fome, de diarréia, de verminose, de desamor. Não poderíamos salvá-los todos, mas salvar muitos, como podemos salvar os que estão vivos. 

E a violência, o tráfico de drogas que mata com armas sofisticadas? Indagou outro amigo. 

– Só podemos vencê-los com a paz, e não com o pulso armado, respondeu o mais velho. 

Abaixei a cabeça, ante a sabedoria dos amigos. Saí a passos lentos, meditando sobre tudo que ouvi. 

Vamos agir para o bem, porém com a paz no coração.

(Artigo reproduzido com a autorização do autor)




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Força do Amor


Amilcar Del Chiaro Filho

Vida com qualidade é impossível sem amor. O amor é uma energia formidável que impulsiona as galáxias, que move os mundos, que dá brilho às estrelas, que suaviza a vida, que faz a mãe acalentar o filhinho nos braços, beijá-lo ternamente, e dizer, meu filho! minha vida! Mesmo que o filho seja deficiente mental, de olhar inexpressivo, e fisionomia torturada.

É o amor que faz com que aquilo que pareça impossível, aconteça. Só amor pode dar forças ao homem para superar barreiras e vencer. Gandhi teve um profundo amor pela Índia, e no sacrifício por amor encontrou forças para libertá-la do jugo de outra nação mais poderosa. Madre Teresa de Calcutá, por força do seu amor aos miseráveis, encontrou coragem para esmolar por eles, e lhes dar alguma dignidade. 

Os caminhos do mundo foram pisados pelas patas dos elefantes de Aníbal, dos cavalos das legiões romanas, das hordas bárbaras, ( dizem que onde o cavalo de Átila pisava não nascia mais grama), e pelas botas militares de muitos guerreiros, mas, somente os pés descalços ou as sandálias simples dos missionários da paz, são capazes de deixar pelo caminho poeira de estrelas. 

Quantos avatares, verdadeiros missionários, cruzaram os caminhos do mundo impulsionando os homens pela força do amor, para transformar a vida?
Por isso, continuamos convidando-os a cerrarem fileiras conosco para batalharmos pela paz. É por isso, que neste início de um novo milênio precisamos acreditar em nossa capacidade, saber que podemos vencer, que podemos construir um novo destino, que podemos construir um mundo melhor, onde a paz, a harmonia, e a justiça social estejam presentes. 

(Artigo reproduzido com a autorização do autor)



domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ritos e Doutrina Espírita


Ademir Luiz Xavier Jr.

"(...) Será que vocês poderiam me explicar a enquadração de alguns ritos como: Nascimento, Morte, Casamento, Puberdade, Oração e Libertação na pratica da religião espírita. Poderiam me ajudar?"
Marcos Inacio

A respeito da questão que você propôs, avanço aqui algumas considerações muito breves. Informações mais detalhadas você pode conseguir na literatura espírita especializada (que você pode consultar posteriormente).
De uma maneira bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações científicas, religiosas e filosóficas (principalmente éticas). Não há, assim, dentro dele uma "enquadrarão de ritos" como você se refere abaixo.  Na verdade, o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista, isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento. O objetivo
fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade do ser humano.
Assim, a doutrina espírita prevê que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases a que você se referem são, assim, simplesmente estágios da existência humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".
O nascimento é o regresso da alma à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.
A morte é o regresso dessa mesma alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior do Espírito.
A puberdade é entendida dentro do conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação à difícil realidade do mundo.
O casamento de forma alguma constitui uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união, segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união, também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a
liberdade de consciência é um princípio fundamental, e ninguém deve tê-la violada em nome de qualquer outra idéia secundária.
A oração é uma prática saudável de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. Esse equilíbrio é conseguido não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades do indivíduo segundo as práticas do bem.  Não existe nenhuma fórmula explícita para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental que seja praticada com o coração acima de tudo. Isto quer dizer que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades perante as faltas que houver cometido contra os outros (se
as tiver) antes de procurar qualquer ajuda divina.
Não existe, também, "troca de favores" entre os homens e os Espíritos ou Deus. Os que assim pensam agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve existir entre os homens, Deus e os espíritos.
Finalmente, para dizer alguma coisa sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra. Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída. Se tratamos aqui da liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade de ir e vir, pensar e agir. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades, já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade alheia.
O ser (ou Espírito) adquire liberdade a medida que ele evolui. Coincidentemente, ele também adquire felicidade. A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem, da ética e da felicidade dos semelhantes.
Toda moral espírita resume-se, portanto, àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas pela regra áurea de "não fazer aos outros aquilo que se não gostaria fosse feito a si mesmo" acrescida do "amar aos outros como assim mesmo". Por "outros" ou "próximos" o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras).
Como Jesus ainda tenha acrescentado o "assim como eu vos amei", a prática desse amor tem como modelo o próprio Jesus.
O ponto fundamental da regra áurea trazido por Jesus está na misericórdia que deve guiar os atos do indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).
Essas regras ou leis que cito acima são leis naturais, assim como as leis da Física, Química etc e, portanto, regem e julgam os atos de todos os seres. É claro que o conhecimento facilita o avanço evolutivo e isso é a razão de existir de todas as religiões da Terra, a refletir parcelas do conhecimento divino entre nós.

Publicado no Boletim GEAE Número 337 de 23 de março de 1999.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Conheça o Espiritismo


Primeiramente,  recordemos que uma opinião válida sobre um assunto só pode ser dada quando o conhecemos.

Os fenômenos espíritas sempre estiveram presentes em todos os povos e em todas as épocas. São eles: aparições dos espíritos, comunicação deles através de médiuns (também chamados de pítons, sibilas, profetas, etc.), ruídos produzidos por eles, bem como movimentação, combustão ou destruição de objetos,   conversa com entes queridos falecidos nos sonhos, materialização temporária de objetos, etc. O exemplo bíblico destes fenômenos espíritas é o aparecimento de Moisés e Elias (já falecidos) a Jesus, Pedro, Tiago e João  no monte Tabor  narrado em Lucas, cap. IX, 28-33, em Mateus, cap. XVII , 1-8 e em Marcos , cap. IX, 1-8; e a consulta de Izaú a uma médium através da qual se comunicou com Samuel, já falecido (1° Reis, cap. XXVIII, 7 -20) . A Bíblia é repleta de fenômenos espíritas.

Estes fenômenos sempre foram vistos como milagres, alucinações, obras de Deus, de anjos ou de demônios, fraudes, superstição, etc, pela maioria das pessoas. Somente na  2 ª metade do séc. XIX é que foram estudados cientificamente por vários homens,  notadamente por Allan Kardec. Há vários livros destes cientistas provando a realidade dos fenômenos espíritas. Kardec concluiu, pelos estudos, que os espíritos (os chamados “mortos” ou fantasmas) produziam estes fenômenos extraordinários inexplicados pelas leis naturais já conhecidas. Kardec provou que os espíritos sobrevivem após a morte do corpo que habitavam, conservando sua individualidade, sua personalidade (qualidades e defeitos morais e intelectuais) e seus conhecimentos.  Provou também,  como outros pesquisadores, que eles podem se comunicar conosco através de médiuns.

Kardec estudou milhares de mensagens dadas pelos espíritos através dos médiuns e selecionou aquelas que tinham linguagem mais elevada em todos os aspectos, que eram lógicas e coerentes entre si. O conhecimento assim obtido estão nas cinco obras básicas do Espiritismo organizadas por ele: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. O Espiritismo ou Doutrina Espírita é a doutrina formada pelos conhecimentos dados pelos espíritos nestas obras e em outras recebidas mediunicamente de Kardec até os dias atuais. Assim é revelado como é o mundo espiritual e ensinados conceitos novos ou aprofundados sobre Deus, Jesus, o Universo, os homens, os espíritos, as leis que regem a vida no mundo espiritual e no mundo material, etc. “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” Kardec.

A Doutrina Espírita nasceu como ciência, que originou uma filosofia, que se desdobrou em religião. Ela é indivisível, portanto não tem e nem terá seitas. Fora das obras básicas de Kardec ela não existe. A Umbanda, a Quimbanda, o Candomblé e a Magia Negra (Bruxaria ou Feitiçaria) não são Espiritismo.

Crenças básicas do Espiritismo:

1- Deus é único, onipotente, justo, imaterial, eterno, imutável e criador do Universo (inclusive dos seres vivos);
2- Os espíritos são os seres inteligentes da criação e foram criados simples e ignorantes por Deus;
3- Sobrevivência do espírito após a morte do corpo e a possibilidade de eles se comunicarem pelos médiuns;
4- Reencarnação: renascimento dos espíritos, em corpo físico, numerosas vezes para sua evolução moral e intelectual gradativa;
5- Os espíritos reencarnam quantas vezes forem necessárias até a perfeição e têm inalterável felicidade quando a atingem.
6- Numerosos mundos habitados por espíritos encarnados (ou seja, em corpos físicos, de diferentes densidades de matéria);
7- Existência do mundo espiritual, habitação dos espíritos desencarnados;
8- Lei da causa e efeito. Receberemos nesta vida, na vida espiritual e nas próximas vidas encarnadas  recompensas pelo bem ou punições pelo mal praticado;
9- Fora da caridade não há salvação. Para a felicidade futura é necessário a caridade constante por pensamentos, palavras e ações, independente da religião seguida.
  
Pela evolução espiritual gradativa através das reencarnações explicam-se as diferenças morais e intelectuais entre as pessoas; as idéias e talentos inatos e muitas vezes prematuros; as tendências boas ou más de cada um. Explicam-se também as deficiências físicas e mentais, as doenças graves sem causa na vida atual, os infortúnios materiais inevitáveis, etc, como expiações de erros de outras vidas ou como provas para que ocorra a evolução espiritual.

Um exemplo bíblico de reencarnação é do profeta Elias renascendo como João Batista (leia na ordem :
Malaquias, cap. IV, 5 e 6;  Lucas, cap I, 11-17;  Mateus,  cap. XI, 12-14;  Mateus , cap. XVII, 10-13). As lembranças de vidas passadas, às vezes, vêm espontaneamente ou liberadas por hipnose profunda.

Deus não permite normalmente estas lembranças porque elas muitas vezes nos mostrariam os graves erros que cometemos, os horríveis sofrimentos que tivemos e que parentes e amigos de hoje foram nossos grandes inimigos nestas vidas passadas. Estas recordações poderiam nos entristecer e até reacender ódios em extinção.

O Espiritismo elucida  muitas questões controversas e obscuras da Bíblia. Ele considera Jesus Cristo o homem mais perfeito que já passou pela Terra, sendo o Governador de nosso mundo. Por isso, segue seus ensinamentos, aconselhando  o amor a Deus e o amor ao próximo como norma de conduta,  não sendo, como alguns afirmam, uma doutrina do “demônio”. Ele é o Consolador prometido por Jesus em João, cap. XIV, 15-17 e 26, pois recorda o que o Cristo ensinou e revela outros conhecimentos que Ele não pôde dar por serem  incompreensíveis para a maioria das pessoas daquela época. A Doutrina Espírita  concorda com Moisés  (Deuteronômio, cap. XVIII, 9-14) que não se deve evocar  espíritos para adivinhações e previsões.
 
Nas sessões mediúnicas, os espíritos (através dos médiuns) dão ou recebem ensinamentos e consolos  conforme podem ou necessitam. O passe espírita é a transmissão de vibrações (“energia”) de amor  através da imposição das mãos conforme Jesus fazia e ensinava os discípulos a fazerem (Lucas, cap. IV, 40; Mateus, cap. VIII, 3; Mateus, cap. XIX, 13-15).

No Espiritismo não há rituais ou cultos exteriores, sacerdotes, pastores e similares, altares, templos suntuosos, velas, procissões, cerimônias (como casamentos, batismo, crismas, etc), símbolos, ornamentações para cultos, gestos de reverências, sinais cabalísticos, benzimentos, defumadores, cânticos cerimoniosos (danças ritualísticas, etc.), idolatria de espíritos, sacramentos, concessões de indulgência, jejum de alimentos, ensinamentos restritos aos iniciados, incenso, fumo, drogas, talismãs, amuletos, quiromancia, cartomancia, astrologia (horóscopo), bruxaria,  objetos para cultos exteriores (como pirâmides, cristais, búzios, bola de cristal, cartas),  arrecadação de dinheiro (dízimo ou coleta), uso de bebidas alcoólicas ou substâncias alucinógenas, prática do mal, hipnotismo, uso de roupas especiais, uso de estátuas e imagens de santos, evocação de espíritos para adivinhações, brincadeiras, leviandades ou previsão do futuro, cobrança pelos serviços que presta, sacrifício de seres vivos,  a crença de que só seus adeptos se “salvam”, dogmas irracionais, rivalidade com a ciência, preconceitos raciais, religiosos ou de qualquer outra natureza.

AUGUSTO DE OLIVEIRA